Radicalmente sem adornos, “Occupied City” consiste, durante quatro horas, em cenas da Amsterdã contemporânea sobrepostas com narração de eventos e ações em endereços específicos: locais onde os judeus foram confinados em guetos ou forçados a comprar estrelas amarelas; edifícios onde os membros da resistência realizaram atividades; uma praça citada como o último lugar na Holanda onde os judeus eram permitidos (que agora parece ser uma quadra de bocha). O texto é de Stigter e a narração é lida por Melanie Hyams.
A abordagem – ver o passado em locais atuais – deve algo ao “Shoah”, embora o princípio organizador aqui seja menos claro. (As anedotas não são cronológicas e aparentemente nem mesmo geograficamente organizadas; McQueen volta a certas áreas.) Alguns dos momentos mais poderosos envolvem sites ainda em uso de alguma forma hoje. (Se você pegar um trem pela Estação Central de Amsterdã, observe que, de acordo com o filme, cerca de um quarto dos judeus da cidade “partiu” por essa estação nos anos de guerra.) As omissões também são sugestivas; Eu poderia ter perdido, mas acho que “Occupied City” nunca mostra a Casa de Anne Frank, um dos locais mais famosos de Amsterdã, embora Frank seja certamente mencionado.
Um aspecto do filme é a inquietação. McQueen filmou grande parte de “Occupied City” enquanto Amsterdã estava fechada durante Covid, e algumas das justaposições que ele cria na edição são um pouco suspeitas. Certamente, quando o filme indica que uma praça usada como ponto de encontro para o ajuntamento de judeus durante o Holocausto é agora um centro de vacinação, ou que toques de recolher foram usados em ambos os períodos, não pretendemos ver um paralelo literal.
Pedro Almodóvar’s half-hour western, “Modo de Vida Estranho”, que estreou em Cannes esta tarde, é um exercício bem menor, uma chance tanto para o diretor quanto para os atores experimentarem algumas roupas de cowboy sem nenhum motivo em particular. O filme é centrado em Jake, um xerife, e Silva (Pascal), um fazendeiro com quem ele trabalhou como mercenário há 25 anos. Eles também eram amantes e, quando se reencontram no início do filme, são muito mais abertos sobre esse passado do que, digamos, os personagens de Jake Gyllenhaal e Heath Ledger em “Brokeback Mountain”.
Mas sexo à parte, “Strange Way of Life” consiste em pouco mais do que um esboço básico para um confronto. (Jake planeja rastrear o filho de Silva por cometer um assassinato, e Silva quer que Jake o deixe em paz.) Dado 70 minutos, Budd Boetticher pode ter extraído algumas ambiguidades sombrias do cenário enquanto se preparava para o eventual confronto de três homens. Mas os ritmos aqui estão errados e a tensão é inexistente.
Fonte: www.rogerebert.com