Crítica do filme O Exorcista do Papa (2023)

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Infelizmente, “O Exorcista do Papa” é uma releitura assistível, mas longe de ser especial, de clichês de filmes de exorcismo, com desvios para uma trama de conspiração do Vaticano que foi comparada aos romances de Dan Brown, mas que se conecta com atrocidades e escândalos da igreja. A piada é tão complicada e ridícula que parece deixar a Igreja escapar da Inquisição e do encobrimento da pedofilia, dizendo, em essência, “O diabo os obrigou a fazer isso”.

Crowe faz o filme valer a pena ver. Ele interpreta Amorth como um cut-up orgulhoso, cumprimentando insultos vis com um sorriso inexpressivo e respostas rápidas. Quando o demônio rosna que ele é o pior pesadelo de Amorth, Amorth responde: “Meu pior pesadelo é a vitória da França na Copa do Mundo.” Crowe interpreta a sagacidade seca e aguda do personagem da maneira certa. Ele é ainda mais atraente quando deixa o público ver as inseguranças que o padre mantém escondidas. Quando o padre Esquibel diz a Amorth que leu seus artigos sobre possessão em revistas, Amorth menciona que também escreve livros e acrescenta suavemente: “Os livros são bons”. Quando Avery corta para fotos de Amorth andando em rodovias e estradas rurais em sua scooter, o vestido, a gola, o chapéu fedora e os óculos de sol tornam o personagem icônico: friamente ridículo, ridiculamente legal.

Pode-se imaginar rever partes do filme apenas para saborear a atuação de Crowe e as respostas impressionantes de seus colegas de elenco. Crowe tem sido tão bom por tanto tempo que desliza por esse papel como se não tivesse nada a provar (mesmo que o personagem tenha). Ele brinca e adiciona pequenos gestos e reações surpreendentes para animar uma cena. Mas ele nunca vai tão longe que parece estar tirando sarro do filme. Quando Amorth revela seu próprio tormento espiritual em uma série de flashbacks, Crowe joga direto, sofrendo e se contorcendo como se estivesse imaginando que está em um filme de Ingmar Bergman. Ele parece estar mais ou menos no mesmo ponto de carreira que Paul Newman alcançou no início dos anos 1970, quando seu cabelo ficou prateado e ele perdeu a maior parte de sua vaidade. Ele não está mais sofrendo por sua arte. Mesmo quando a cena é séria, ele está se divertindo.

Agora em cartaz nos cinemas.

Fonte: www.rogerebert.com



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