Castillo interpreta Mia, a parceira grávida de Nico (Tamar Novas). Conhecemos o casal já em fuga de um país em crise violenta. Eles se escondem de cães e holofotes de helicópteros em um pátio de carga antes de entrar em um dos contêineres, com destino à liberdade. Claro que a viagem não corre bem e o casal acaba dividido em dois contentores separados. Nico parte para o que parece ser um fim violento, enquanto Mia fica presa com um bando de estranhos antes que seu navio seja capturado por soldados e, bem, todos, menos Mia, acabam assassinados. Antes que você perceba, Mia está à deriva no oceano com poucos suprimentos e sem como voltar para casa. E então ela entra em trabalho de parto.
“Nowhere” está no seu melhor quando é mais deliberado – Mia tentando abrir o telhado, descobrindo como pescar, etc. Essas batidas facilmente identificáveis se encaixam nos princípios mais básicos dos contos de sobrevivência: permitir-nos perguntar a nós mesmos como nós agiria na mesma situação. Poderíamos descobrir como sobreviver por um período de tempo desconhecido no meio do nada? Será que apenas choraríamos e esperaríamos pela morte? A dinâmica adicional de uma criança recém-nascida muda o que está em jogo na história tradicional de um sobrevivente. Mia não está apenas tentando se manter viva; ela está lutando por seu bebê, fato ainda mais comovente por ela já ter perdido um filho antes de todo esse drama começar.
O diretor Albert Pinto recebe tudo de Castillo, uma atriz que a princípio parece um pouco educada demais (na verdade é apenas o diálogo ruim das cenas de abertura), mas se adapta bem depois de dar à luz e se torna uma força de instinto de sobrevivência. A suspensão da descrença para um filme como este obtém uma bela elevação do gancho materno. Todos nós já ouvimos histórias sobre mães levantando carros para salvar seus filhos. Castillo vende a ideia de que desistir não é uma opção mais para o filho do que para ela mesma.
Fonte: www.rogerebert.com