Meses depois, a vida de Mia não voltou ao normal. Ela se sente distante de seu trabalho e de Vincent. E assim começa sua jornada para lembrar o passado para seguir em frente. Com determinação, Mia tenta obter respostas sobre onde foi parar durante as filmagens e o que aconteceu com a gentil cozinheira que segurou sua mão e a confortou. Em sua jornada, ela conhece e fala com outros sobreviventes do ataque, todos lutando à sua maneira. Uma mulher acusa Mia de se barricar no banheiro, recusando-se a deixar qualquer outra pessoa entrar, o que Mia duvida, apesar de não poder provar. Ela conhece outra sobrevivente, uma adolescente chamada Félicia (Nastya Golubeva), e eles rapidamente formam um vínculo. Mia tem uma dinâmica muito diferente com outro sobrevivente, um banqueiro chamado Thomas (Benoît Magimel), que está se recuperando no hospital. Todas essas conexões trazem conforto a Mia e ajudam a refrescar sua memória.
“Revoir Paris” tem uma sensibilidade, uma textura quente apesar da abundância de tons frios de azul. Seu estilo visual sombrio do filme lembra os primeiros trabalhos de Atom Egoyan com seu tom tranquilo e confessional e toques de cores vibrantes. Muito parecido com “Exotica” e “The Sweet Hereafter” de Egoyan, todos os personagens de “Revoir Paris” estão conectados por luto e tristeza. Os personagens muitas vezes olham para a frente ao falar ou para a câmera, permitindo-nos testemunhar a emoção em seus rostos. À medida que a história passa de pessoa para pessoa, cara a cara, tudo começa a parecer um sonho. A imagem de Mia em sua motocicleta só aumenta a sensação de que estamos à deriva, dias e noites se confundindo. Às vezes, o filme muda de perspectiva para outros sobreviventes, narrando seus sentimentos e memórias. É uma maneira muito humana de explorar o trauma, lembrando-nos que Mia é uma das muitas feridas.
Como Mia, Efira apresenta uma atuação moderada aprimorada por seu rosto expressivo. Muito parecido com seus papéis anteriores em “Benedetta” e “Sybil”, Efira comanda silenciosamente a tela. Golubeva também se destaca como Félicia, uma jovem com a maturidade que vem da superação ativa de traumas. Além disso, Sofia Lesaffre faz muito com seu pequeno papel central como Nour, uma jovem que ainda trabalha no bistrô após o tiroteio.
“Revoir Paris” é uma história sobre pessoas reunidas, mudadas para sempre pelo tempo que passaram juntas. Além de sua ressonância emocional, o filme destaca a diversidade cultural e econômica de Paris enquanto vemos Mia interagir com pessoas que ela nunca conheceu. Apesar da tragédia, “Revoir Paris” é um filme esperançoso sobre o poder de cura da conexão humana e do conforto mútuo. É o tipo de filme que fica na memória muito depois dos créditos.
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Fonte: www.rogerebert.com