Sutileza não é necessariamente o nome do jogo em “El Conde”, um filme de história alternativa onde o ex-ditador é visto como um vampiro nascido 250 anos atrás. Depois de descobrir seu gosto latente por sangue como soldado a serviço do rei Luís XVI e rapidamente se tornar um desertor quando a sangrenta Revolução Francesa irrompe, pode-se praticamente ver seu ódio feroz pela política revolucionária ossifica-se quando ele testemunha a decapitação de Maria Antonieta. (Esses flashbacks nos são presenteados pelo narrador pouco confiável e suspeito do filme, cuja identidade resulta em uma das revelações de terceiro ato mais selvagens que você já viu.) Certamente não passará pela cabeça dos espectadores quando ele lamber lascivamente. os restos de sangue deixados pela monarca francesa guilhotinada, foge com a sua cabeça decapitada e usa o seu legado burguês como motivação para cometer todo o tipo de atrocidades na busca pela selvageria. (Esses atos não se limitam a crimes de guerra, veja bem, mesmo quando seu hábito desagradável de purificar os corações ainda batendo de suas vítimas com um liquidificador sempre útil se transforma constantemente em uma espécie de piada imperceptível).
Larraín redobra isso com a chegada da ninhada totalmente egoísta de Pinochet e de sua distante esposa Lucía (Gloria Münchmeyer), todos os quais parecem decididos a provar que os vampiros existem de muitas formas. Essas imagens contundentes tendem a estar de acordo com os objetivos do roteiro, co-escrito por Larraín e Guillermo Calderón. Mas os problemas surgem quando fica claro que a história não aspira a nada mais profundo ou mais profundo do que isso.
Durante suas quase duas horas de duração, “El Conde” nunca fica sem cenas maravilhosamente renderizadas, emolduradas e iluminadas pelo diretor de fotografia Ed Lachman (“Carol”, “Dark Waters”) ou pelo impecável design de produção de Rodrigo Bazaes… os cenários mais luxuosos e a interação mais teatral entre sombras góticas e luz (auxiliados pela linda trilha sonora clássica de Marisol García) equivalem a pouco mais do que uma vitrine quando o filme se transforma em um ato intermediário de baixa energia e em grande parte sem enredo. A única faísca real é fornecida pela chegada de Carmencita (Paula Luchsinger), uma freira encantadora e totalmente piedosa recrutada por um dos filhos adultos de Pinochet e encarregada de resolver a situação financeira de seu pai. Contudo, sem o conhecimento da maioria, ela tem a sua própria agenda secreta para exorcizar o “diabo” que ela acredita estar na posse da alma de Pinochet – ou do que resta dela.
Fonte: www.slashfilm.com