Você ouve o filme antes de vê-lo; em um apartamento em Montevidéu, um pássaro engaiolado faz barulho, que seu dono interpreta como fome. Ela vai buscar comida para seu animal de estimação e a câmera a segue, voltando para descobrir que outro ocupante do apartamento esmagou o pássaro com as mãos nuas. A câmera continua no que parece ser um longo plano contínuo, saindo do apartamento e descendo para a rua onde os principais atores são apresentados nas primeiras ondas de um surto viral.
As tomadas longas de “Silent House” e “You Shall Not Sleep” de Hernandez continuam em “Virus :32”, onde há mais metragem quadrada para jogar. cavernas subterrâneas de “The Descent” ou as catacumbas de “As Above, So Below”, feitas sob medida para enfrentar seu viajante cansado antes de permitir a passagem (se é que isso acontece). Iris, em particular, luta com a culpa – alusões ao seu segundo filho sugerem que ele se afogou no relógio dela, e sua apresentação está entre um apartamento bagunçado repleto de garrafas de bebida e parafernália de drogas. Hernández, em toda a sua glória sádica, garante que a mãe enlutada seja forçada a mergulhar em uma piscina e assistir a um assaltante infectado se afogar, e cuidar de um ente querido ferido no chão de outra piscina esvaziada. Em vez de seu símbolo comum de renascimento, a água é apenas outro obstáculo que mantém Iris longe de sua filha, e outra mina terrestre para evitar.
A morte está potencialmente em cada esquina, um conceito trabalhado minuciosamente ao longo da história; o número no título do filme refere-se à quantidade de tempo pós-assassinato que os zeds passam em coma alimentar antes de sua sede de sangue retornar. Durante esses 32 segundos, eles são dóceis o suficiente para que os não infectados possam passar despreocupados, e começam a se contorcer e rosnar mais agressivamente a cada tique-taque do relógio. É um mecanismo bacana que garante que ninguém fique confortável por muito tempo e que as cabeças dos sobreviventes fiquem em um giro.
Um conto tão tenso exige o mundo de seu protagonista, e Paula Silva está pronta para a tarefa. Para Iris, a evasão é a chave para a sobrevivência e isso acontece fisicamente em suas várias táticas furtivas – chamas de fumaça, bolas de tênis chamariz e boa e velha disciplina de ruído para mantê-la viva e em movimento. Espiritualmente, a evasão colocou uma pressão em seus relacionamentos com o marido e a filha, deixando-a alheia às responsabilidades familiares (como a promessa de cuidar da filha uma tarde) e ao surto de zumbis em geral. Os olhos cansados de Silva distinguem seu personagem de um preguiçoso, levando a uma explosão de energia de liberação retardada no momento em que ela finalmente registra o perigo que tem assombrado ela e sua filha. Os gritos, os estremecimentos, as engrenagens girando planejando a fuga… está tudo na cara de Silva.
Fonte: www.slashfilm.com