As coisas começam a piorar quando Kim Young-Tak (Lee Byung-Hun) é eleito delegado do complexo e decide estabelecer uma política que bane todos os não residentes – essencialmente sentenciando-os à morte congelada. O que se segue é um caos cão-com-cão.
O diretor de fotografia Cho Hyoung-rae filma o filme com atenção aos contrastes, ordem versus caos, as cores quentes do interior dos apartamentos contra as cores cinzentas e frias de uma cidade em ruínas. Tudo fora da segurança do complexo é frio, implacável e silencioso, desde as jaquetas até os cadáveres.
O roteiro adapta o webtoon “Pleasant Bullying”, de Kim Soongnyung, mas muda completamente a perspectiva do material original, o que dá ao filme um escopo muito maior e um caminho para explorar temas de desigualdade e guerra de classes. Embora haja momentos em que fica claro que se trata de uma história em formato episódico, a tensão nunca diminui.
“Concrete Utopia” depende principalmente dos ombros do elenco, com Byung-Hun e Seo-jun em particular roubando a cena. O primeiro oferece uma performance em camadas diferente de tudo que ele já fez antes, misturando humor com ameaça, desespero identificável com insanidade. Este último tem um arco cheio de nuances e convincente que o vê radicalizado (não sem razão) e lentamente se desintegrando à medida que experimenta o pior que o desastre tem a oferecer.
A “Utopia Concreta” não é sutil em suas alegorias, especialmente quando se trata de imigração. Felizmente, o foco no personagem e o ritmo acelerado da história que nos leva de uma crise a outra evitam que a mensagem se torne esmagadora. Da mesma forma, o roteiro e os visuais provocam um mundo maior com histórias fora do que está na tela, contribuindo para a construção do mundo do filme.
/Classificação do filme: 8 de 10
Fonte: www.slashfilm.com